quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A derrota do fracasso




Me apego no desapego
No emprego de um coração ferido
Partido, mal compreendido; dolorido completamente perdido

Cacos colados, remendados; algumas falhas aos lados
Faltam pedaços
A vida varreu como pó, o vento soprou e levou

Estou aqui só, o mundo me amarrou a um nó
E de ponta em ponta, cortes valentes; cicatrizes que ainda latejam
Pessoas que em mim praguejam, amores falsos que me cercam

Minha coroa é o fracasso, mas o rei deste reinado é forte como aço
No mundo fui açoitado, de chicotes até a corrente de laço
Hoje vou quebrando a coroa, pois o que veste minha cabeça é um coração que perdoa.

Maicou Rangel

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O invisível






Rodeiam-me nos rodeios da vida os rodopios do mundo...
E vão se indo os que dizem que amam e ficando os que ainda irão aprender
Padecendo em leitos sujos a doença que da descrença nasce

Dançante sob as sombras com vestes negras vou partindo a rodar
Seguindo os paços que a vida sozinha me colocou a dançar
A coregrafia sombria que Deus jogou no mundo a transpassar

Deito-me não a descansar, estou a prostrar e em trevas a mergulhar
Na mente se encontra o lar, um doce mar; jamais irá me afogar
Vivo da sombra, e o amor nas trevas descobri, tem mais valor quando intangível.

Maicou Rangel

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Porque






Porque quando você caiu eu estive lá...
Isso não me faz mais homem, não me torna melhor
Só um anjo que do fogo veio, subiu as profundezas para acalmar a tua dor

Porque quando você precisou do meu amor eu entreguei...
E mesmo não sendo o suficiente pra você, foi grande pra mim
Só um anjo que rejeitou Deus para amar a face de um simples homem

Porque quando você me disse coisas ruins, eu o compreendi...
Isso não me torna melhor, mas digno fui; por tempos sobre ti voar e guardar
Só um anjo que a glória recusou pra simplesmente amar

E quando o mundo se virar, eu estarei lá...
Mesmo que não me ame, eu o amarei sem questionar
Se Deus criou a vida, ele me deu a ternura de poder verdadeiramente lhe amar.


Maicou Rangel

Segure meu coração



Deus, que do pó me criou
Deus, que a vida por minhas narinas soprou
Aqueça minha face com teu colo de amor
Acalente meu coração com tua sabedoria e penhor
Por minhas bochechas escorrem doloridas

Lágrimas que saem feridas
Pesadas e tão aquecidas
Deus, por teu conhecimento, me julgue
Retire-me desta confusão, por esta confissão
Quero apenas conhecer meu doce coração
E já, de ante mão, guie-me, sou humano e vivo na podridão

Mas tão puro mantenho meu coração
Hoje choro, amanhã talvez não
Mas a vida encarregada manterá essa combustão
Fogo que não se apaga; ilumina a mais profunda escuridão
Desse amor, só espero que o Senhor segure firme minhas mãos...

Maicou Rangel